De uma forma pouco racional
posicionei-me contra as bicicletas elétricas. Produto típico para usuário
sedentário, que não abre mão do conforto de se deslocar sem fazer esforço. Mas,
a coisa de poucos dias, o meu amigo Peters chamou-me à atenção quando escreveu
que as bicicletas elétricas prestam-se, e muito bem, ao aumento no raio de
mobilidade dos idosos.
Foi o que eu precisava para
enxergar as bicicletas elétricas por outro ponto de vista. Os estudiosos já
apontam que estamos entrando em um processo de transição demográfica e que as
taxas de crescimento populacional são maiores justamente na faixa de 60:
A população idosa que já
apresentava um crescimento entre 1990 (7,2%) e 2010 (10%), terá uma maior
intensidade de crescimento a partir de 2020, passando de 28,3 milhões (13,7%)
para 52 milhões (23,8%) de idosos em 2040, quase um quarto do total de
habitantes do país. Autor: Mendes et al.
Evidentemente que me incluo nessa
perspectiva! Porém não me vejo como usuário de tal bicicleta, pelo menos por
enquanto. Acontece que existem milhares de idosos com problemas sérios de
mobilidade, acrescido de outros usuários com déficits locomotores que podem se
beneficiar dessa tecnologia.
Já é possível ver nas ruas alguns
usuários de cadeira de rodas por acionamento elétrico, comodidade excepcional
para quem tem dificuldades de locomoção por causas diversas. Mas, o que falta a
estes e aos usuários de bicicletas em geral, é um espaço para se locomover.
Sim, estamos falando de
ciclovias, ciclofaixas e compartilhamento das vias urbanans. Calçada não valem.
Aqui é justamente onde reside o
maior problema. Se como ciclistas capazes, isto é, com habilidades suficientes
para pular meio-fio, buracos, escapar de motoristas imprudentes, sofremos um
bocado nos deslocamentos urbanos, imagine-se com problemas de mobilidade! Aqui
em Curitiba, as ciclovias não se ligam entre si e, em sua maioria esmagadora,
não se prestam para levar os ciclistas aos terminais de ônibus, supermercados
ou mesmo aos centros administrativos nos bairros (Ruas da Cidadania, no marketing
curitibano típico).
A população idosa está crescendo,
o número de usuários de bicicletas está crescendo, os engarrafamentos estão
crescendo mas, ações que promovam o uso do modal ciclístico estão todos na
gaveta. Nós ainda não conhecemos o significado da palavra cidadania,
infelizmente.
A cidade e os cicliativistas
ainda estão em lua de mel com o novo prefeito. O que eu quero ver são ações
imediatas e de médio e longo prazo pensando na população que, por necessidades
diversas, precisa se locomover em bicicletas movidas por esforço próprio ou
eletricamente. A cidade pensada nos carros não pode mais ser o critério de
planejamento.
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